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quinta-feira, 30 de junho de 2022

COMISSÃO APROVA LDO 2023 E AUMENTA PODER DA CÂMARA PARA INDICAR ‘ORÇAMENTO SECRETO’

 

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou nesta quarta-feira (29) o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2023. Com isso, a proposta seguirá para análise de deputados e senadores em uma sessão conjunta do Congresso.

 

A LDO estabelece as diretrizes para elaboração do Orçamento do próximo ano, incluindo as previsões de receitas e despesas e a meta fiscal. A proposta do Orçamento 2023, que traz os valores propriamente ditos, deve ser enviada pelo governo para apreciação do Congresso até 31 de agosto.

 

O relatório da LDO 2023, de autoria do senador Marcos do Val (PODE-ES), estabelece que as emendas de relator, chamadas de “orçamento secreto”, serão impositivas (isto é, devem ser obrigatoriamente pagas pelo governo) e as indicações devem ser divididas entre o presidente da CMO e o relator-geral do Orçamento.

 

Atualmente, a assinatura das emendas de orçamento secreto é feita apenas pelo relator-geral. O discurso oficial a favor da mudança estabelecida no relatório aprovado nesta quarta-feira (29) é que a divisão deste poder com o presidente da CMO irá diminuir a concentração em um único parlamentar.

 

Mas, reservadamente, parlamentares e técnicos do Congresso afirmam que se trata de uma tentativa de manter a influência da Câmara dos Deputados, e, consequentemente, do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), sobre as emendas de relator.

 

Pelas regras do Congresso, a relatoria do Orçamento é revezada, a cada ano, entre um deputado e um senador, assim como a presidência da CMO. Em 2023, a relatoria do orçamento é de responsabilidade de um senador, Marcelo Castro (MDB-PI), parlamentar próximo do ex-presidente e pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 

Já o presidente da CMO atualmente é o deputado Celso Sabino (União-PA), próximo de Lira. Se o Congresso aprovar a LDO para o próximo ano na forma como foi aprovada na comissão, Sabino também terá que assinar as indicações. A execução das aprovações dessas emendas deve seguir a ordem de prioridade estabelecida por Sabino e Castro.

 

'OBRIGATORIEDADE DE EXECUÇÃO'

 

O relatório de Do Val também dá “obrigatoriedade de execução” às emendas de relator. Atualmente, a Constituição já garante que emendas individuais e de bancada devem ser pagas. As últimas, contudo, seguem critérios de divisão igualitárias entre os parlamentares ou de acordo com o tamanho das bancadas estaduais.

 

As emendas de relator, ao contrário, são criticadas por especialistas e técnicos principalmente por não seguirem regras claras de divisão — favorecendo, muitas vezes, aliados do governo durante as votações. Além disso, os nomes dos parlamentares que fazem as indicações não necessariamente são divulgados.

 

Segundo o relatório, o valor das emendas de relator será da soma das emendas individuais e de bancada — o que, segundo técnicos do Congresso, deve alcançar a cifra de R$ 19 bilhões em 2023. Esse é o teto previsto por lei e, portanto, não poderia ser ultrapassado.

 

A obrigatoriedade das emendas foi criticada por parlamentares independentes e de oposição, que tentaram retirar o dispositivo da LDO, mas foram derrotados.

 

“Querer colocar emenda de relator como impositiva é no mínimo desrespeitar o que os temos de prioridade no nosso país”, disse a deputada Adriana Ventura (NOVO-SP).

 

“Isso é um verdadeiro monstro e o final deste roteiro vai terminar muito mal, vai terminar num grande escândalo. Esse orçamento secreto gera uma enorme distorção nessa discussão orçamentária e no comportamento do parlamento brasileiro”, diz Elias Vaz (PSB-GO). “É uma falta de critério enorme”.

 

Marcos do Val disse que "não vai negar recursos ao seu estado", mas não entrou no mérito sobre a necessidade de as emendas se tornarem impositivas.

 

Já o deputado Tiago Dimas (PODE-TO), também a favor das emendas se tornarem impositivas, disse que "a destinação de recursos é um alvo e sempre foi um ponto central do mandato".

 

"Essa Casa e a Câmara, o Congresso, se fortalece buscando a impositividade do orçamento, seja através das emendas de relator, seja através da manutenção das emendas impositivas, individuais e de bancada. E todos os outros recursos que a gente tem buscado articular aqui em Brasília. É fundamental que a gente garanta essa impositividade também nas emendas de relator", argumentou.

 

Ainda de acordo com o relatório aprovado, o projeto de lei orçamentária (PLOA) 2023, ainda a ser enviado pelo Executivo, deve conter reservas específicas para atender as emendas de relator.

 

TRANSPARÊNCIA

 

Apesar das críticas, o relatório de Do Val traz um dispositivo que poderia dar maior transparência às emendas de relator, ao resolver uma brecha aprovada pelo Congresso no ano passado.

 

Segundo o parecer aprovado, a indicação dos recursos deverá ter “necessariamente” o nome do parlamentar solicitante, ainda que a demanda tenha sido feita por agentes públicos ou representantes da sociedade civil.

 

Atualmente, as indicações podem ser feitas em nome de parlamentares, agentes públicos ou da sociedade civil. Ou seja, é possível que os nomes dos senadores ou deputados que fizeram as indicações fiquem ocultos, cabendo apenas a assinatura de um prefeito ou de uma entidade que fez o pedido.

 

SEGURANÇA PÚBLICA

 

O relator incluiu no parecer a autorização para a recomposição salarial e a reestruturação das carreiras da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penitenciária, além das polícias Civil e Militar e o corpo de bombeiros do DF.

 

Depois de prometer reajuste às carreiras da segurança pública neste ano, o presidente Jair Bolsonaro voltou atrás e a recomposição salarial não saiu.

 

Segundo o relatório, o reajuste e a reestruturação das carreiras serão possíveis comprovada a disponibilidade orçamentária e a compatibilidade com os limites previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal.

 

Para efetivar o reajuste, no entanto, a recomposição e a reestruturação das carreiras deverão constar no Projeto de Lei Orçamentária de 2023.

 

'EMENDA PIX'

 

Técnicos da área orçamentária do Congresso também veem com preocupação as chamadas "transferências especiais" — um tipo de transferência de emendas individuais feita diretamente da União para estados e municípios sem a necessidade de convênios ou regras de discriminação para o repasse. Elas foram apelidadas por esses mesmos técnicos de "emenda pix".

 

Esse tipo de transferência já é previsto na Constituição, mas Do Val determinou em seu relatório que a União faça os repasses até o fim de junho de 2023, "de modo que possam ser aplicados pelo ente recebedor no mesmo exercício".

 

Uma trava incluída no relatório é a previsão de que o ente beneficiado — prefeitura ou governo estadual — comunique ao respectivo Poder Legislativo, em até 30 dias, o valor do recurso recebido e como o dinheiro será aplicado.

 

Na avaliação desses técnicos, as transferências especiais agravam ainda mais a pulverização de recursos sem controle pelo território nacional e o governo deveria ser o principal interessado em impedir esses repasses dessa forma.

 

SALÁRIO MÍNIMO, PIB E DÉFICIT FISCAL

 

A LDO estima um déficit primário de R$ 65,9 bilhões para 2023 e um salário mínimo de R$ 1.294. Para 2024, o salário mínimo previsto é de R$ 1.337 e em 2025, R$ 1.378. Atualmente, o valor é de R$ 1.212.

 

O projeto traz ainda projeções de crescimento de 2,5% para o PIB em cada um dos próximos três anos.

 

Conforme o projeto, a expectativa de continuidade do crescimento inclui a “melhora das condições do mercado de trabalho, com a continuidade da recuperação do emprego, tanto em postos formais quanto informais, o que se reflete na projeção apresentada de crescimento anual da ocupação e ampliação da massa salarial nominal”.

 

PROJEÇÃO DA INFLAÇÃO

 

Para Do Val, na votação da Lei Orçamentária do próximo ano, o Congresso poderá alterar o índice de correção inflacionária utilizando uma projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) maior do que a enviada pelo Executivo.

 

O relatório lembra que a proposta de emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, entre outras coisas, mudou as regras de correção do teto de gastos, agora, o cálculo utilizará a variação inflacionária entre janeiro e dezembro, não mais entre julho e junho.

 

"Por essa razão, o substitutivo prevê que o Congresso Nacional [durante a votação da lei orçamentária] poderá utilizar projeção mais atualizada para o índice, sem que essa providência fique restrita à utilização da projeção a ser informada pelo Poder Executivo em 22 de novembro", escreveu.

 

O partido Novo tentou retirar o dispositivo, alegando que, na prática, isso garantirá o aumento dos gastos. Mas a comissão não aprovou a retirada.

 

"Ou seja, ao longo do ano nós vamos poder alterar as metas de resultado primário por meio de ação do relator do orçamento", criticou o deputado Marcel Van Hattem (NOVO-RS).

 

"É uma inovação temerária e que acabará fazendo com que haja uma projeção maior de resultado e, portanto, uma despesa maior que não corresponderá necessariamente à receita observada".

*G1

Quinta-feira, 30 de junho 2022 às 12:21

sexta-feira, 27 de maio de 2022

PRESIDENTE DIZ QUE MINISTRO ANULOU CONDENAÇÕES DE LULA PARA PETISTA SER PRESIDENTE

O presidente Jair Bolsonaro disse na sexta-feira (27/5), que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a intenção de fazê-lo chegar novamente ao Palácio do Planalto. Fachin também comanda o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

“(Fachin) Botou para fora só para vê-lo livre. Segundo o Supremo, ele é livre, ele disputa as eleições. Ninguém vai botar o cara para fora com condenações grandes, em três instâncias, para ficar passeando por aí”, afirmou Bolsonaro durante transmissão ao vivo nas redes sociais. “Colocou para fora, no meu modesto entendimento, para ser presidente da República”, completou.

 

Bolsonaro observou, ainda, que conhece a “vida pregressa” de Fachin. “Foi militante de esquerda, advogado do MST”, declarou o presidente, numa referência ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

 

Bolsonaro disse ainda que os checadores contratados pelo TSE para as eleições são “gente ligada a PT, PC do B e PSOL”.

 

Ainda na transmissão ao vivo, o presidente contestou os resultados da pesquisa Datafolha. Divulgado na quinta-feira, 26, o levantamento mostra que, se as eleições fossem hoje, Lula venceria no primeiro turno. O petista teria 54% dos votos válidos contra 30% do presidente. Sem dizer a que se referia, Bolsonaro questionou se o instituto fazia “tabelinha com outra instituição”.

 

A pesquisa também apontou divisão entre o presidente e Lula no eleitorado evangélico. “Não sou unanimidade em lugar nenhum. Mas, por exemplo, se fizer pesquisa nas Forças Armadas, uma pesquisa séria, não vai dizer que militares estão divididos, que policiais estão divididos, ainda mais depois que o Lula falou que policial não é gente”, provocou o presidente na live. “O lado de lá defende o aborto, eu não. Vai falar que os evangélicos estão divididos?”

 

Um dia após afirmar ter pouco contato com o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), mesmo mantendo encontros frequentes com ele, Bolsonaro sugeriu à população que deixe de votar no aliado. “Se você acha que o deputado extrapolou, não vote nele de novo”, disse o presidente.

 

Mesmo sem citar o nome de Silveira, Bolsonaro afirmou que o deputado falou “o que não deveria”. Silveira foi condenado a 8 anos e 9 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por estimular ataques à democracia e ofender magistrados. O presidente concedeu indulto a ele.

 

Em nova defesa do que entende como liberdade de expressão, Bolsonaro negou que suas contas utilizem estratégias de impulsionamento nas redes sociais e criticou o projeto de lei que combate fake news.

*Estadão Conteúdo

Sexta-feira, 27 de maio 2022 às 22:44