Faltando exatamente um ano para o eleitor ir às urnas nas disputas majoritárias de 2022, a corrida presidencial já teve início. O jogo de alianças, conchavos, promessas (vagas e falsas, em muitos casos) e apresentações de candidato está em campo. De forma prematura talvez, mas urge avaliá-lo à luz do caos administrativo que o Brasil vem experimentando. Há uma necessidade vital de se buscar uma gestão eficaz, visando à retomada de prumo do País.
Após, praticamente, quatro anos de desgoverno, com os mais absurdos movimentos de um mandatário, jamais vistos por aqui, o Estado ficou em frangalhos. A fome tomou conta da população. O desemprego, idem. A economia perdeu as estribeiras, com a inflação de novo em descontrole, os juros subindo para conter os efeitos e o câmbio em desembestada carreira, colocando a moeda brasileira dentre as mais desvalorizadas do mundo. Não há plano de retomada. Nem estratégia alguma, seja de curto, médio ou longo prazo. Em todas as áreas que dependem de decisões do Planalto, e dos respectivos ministérios da Esplanada, os equívocos e descaso são latentes.
Difícil enumerar tantos erros, mas a população sente cada um e reclama. No momento, temos uma Presidência acéfala, dado que o ocupante trata exclusivamente de seus planos de poder e atua unicamente pela reeleição. Algo, aliás, que nunca deixou de fazer, desde que assumiu. O palanque, como um picadeiro de circo para as suas estripulias e fanfarras, é onde gosta de ficar. Trabalhar pela Nação não é o seu forte. Jair Messias Bolsonaro, nessa corrida pelo voto, também se apresenta numa condição inédita. Não tem partido.
É o primeiro postulante em pleno exercício do cargo a não liderar as pesquisas preliminares. O mais mal avaliado desde a redemocratização. Isolado, mentiroso, arrogante e despótico, não inspira confiança nem nos aliados chegados. De acordo com os diversos levantamentos de intenções de voto, Bolsonaro perderia hoje de todos os opositores com os quais seu nome é confrontado. Ao contrário dele, e numa ascensão até surpreendente – levando em conta a trágica herança que deixou –, o demiurgo de Garanhuns, Luiz Inácio Lula da Silva, ganha de todos os adversários, em qualquer cenário, mesmo sem ter dado um pio até agora.
O fenômeno da polarização nos extremos era previsível, mas nada indica que a contenda esteja definida. Ao contrário. Está faltando o chamado terceiro elemento e ele fará mesmo toda a diferença. Não se trata de mais do mesmo. O público atrás dessa opção – e é majoritário, diga-se de passagem – inspira-se na ideia de uma liderança que perceba suas necessidades, transmita credibilidade e um projeto efetivo de gestão. Não estão nessa fatia de votos os partidários ideológicos sem causa, meros seguidores alucinados como fiéis de seita. É o brasileiro comum, que espera não embarcar novamente em aventuras. Nem em promessas vãs. O eleitor que vai definir o resultado não é aquele que vai às ruas protestar, de bandeiras e faixas com palavras de ordem, como quem sai para uma festa.
Busca solidez administrativa, unidade de princípios, harmonia de poderes e alianças por uma plataforma de governo — jamais por obra do fisiologismo barato, do rasteiro toma lá, dá cá, no indecoroso escambo de cargos e verbas que locupletam a patota. Em meio ao cenário de vacância de opções surgem, naturalmente, os aventureiros, salvadores da pátria, misto de justiceiros encarapuçados para iludir a massa.
Em boa parte, apresentam-se para saciar ambições pessoais. Mas o eleitor de 2022 deve ir mesmo em busca do algo mais. Da costura de um País que mire o desenvolvimento sustentável e a justiça social como fundamentos. Na via do equilíbrio e da apresentação efetiva de resultados, o governador de São Paulo, João Doria, parece sair na frente. São eloquentes e inegáveis os resultados de seu trabalho. Os fatos estão aí. No campo da Educação, da Segurança Pública, da Economia (com o estado crescendo 7% nesse ano, sem nada parecido no restante do País), da Saúde e do atendimento aos mais necessitados (com um programa de auxílio de cifras incomparáveis e de fundamentos renovadores, sem o assistencialismo barato).
O jogo de escolhas em torno do próximo presidente é aparentemente simples. Até o Centrão, aquele bloco disforme de políticos arrivistas que dão sustentação ao mandatário, já fala em “derrota” inevitável de Bolsonaro, muito embora ainda não pule do barco, na tentativa de auferir maiores ganhos. Nas assembleias estaduais o capitão vê o apoio se esvair. O desespero eleitoral inflaciona o custo de seus atos, cada dia extremamente ensandecidos. A opção Lula é apenas um contraponto. Na hora da verdade, os eleitores, escolados por tantos mitos que pensaram apenas neles mesmos, vão perceber do que realmente precisam.
*IstoÉ
Quinta-feira, 18 de novembro 2021 às 10:9
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