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sábado, 12 de março de 2022

PREÇOS DA GASOLINA, DO DIESEL E INFLAÇÃO DISPARAM

O governo através da Petrobras reajustou na sexta-feira (11/3) os preços da gasolina (19%), do óleo diesel (25%) e do gás de botijão (16%), isso nas refinarias. Porque os consumidores vão pagar nas bombas diferenças muito mais altas. Desde a manhã de ontem, sexta-feira, os aumentos já eram observados no Rio, em São Paulo e Belo Horizonte.

 

Os preços da gasolina no Rio, em alguns casos, já superam a escala de R$ 7 o litro. Na tarde de quinta-feira, numa entrevista transmitida na íntegra pela GloboNews, os ministros Paulo Guedes e Bento Albuquerque tentaram apresentar o aumento como a melhor solução para a economia e até para os consumidores brasileiros, acenando, como é hábito de todos os governos, o atual não é exceção, que os preços poderão ser reduzidos após o desfecho da invasão da Rússia na Ucrânia.

 

Basearam o seu raciocínio nos preços internacionais do petróleo, dizendo que o Brasil importa 30% do seu consumo. Usaram a palavra combustíveis, não se referindo à gasolina e ao diesel, isso porque o preço dos produtos refinados não segue o percentual dos preços do petróleo bruto no mercado internacional.

 

Paulo Guedes e Bento Albuquerque procuraram assim uma forma de escapismo quanto à realidade do mercado de petróleo. Há o óleo bruto e há os produtos decorrentes do refino, que são muitos, sobretudo a gasolina, o diesel e o gás. Dizer que o efeito da inflação será mínimo é mentira.

 

*Tribuna da internet

Sábado, 12 de março 2022 às 10:38

segunda-feira, 7 de março de 2022

PREPARE-SE, APERTE O CINTO E ECONOMIZE


A decisão do presidente Jair Bolsonaro de pregar a neutralidade ante a guerra entre a Rússia e a Ucrânia não está impedindo o Brasil de ser engolfado pelos conflitos. O impacto mais imediato veio na sexta-feira (04/03), diante da decisão do país de Vladimir Putin de suspender as exportações de fertilizantes.

 

O agronegócio brasileiro é muito dependente dos produtos russos. Do total de adubos usados nas lavouras, mais de 20% vêm da Rússia. Os estoques nacionais, pelos cálculos da Anda, associação que representa o setor de fertilizantes, dão apenas para mais três meses. Bolsonaro justificou sua visita ao presidente Putin uma semana antes da invasão à Ucrânia como forma de garantir o suprimento dos insumos ao Brasil. De nada adiantou.

 

O enrosco da guerra passa pelo sistema de saúde. A empresa ucraniana Indar, com sede em Kiev, fechou acordo com o Ministério da Saúde para o fornecimento de 20 milhões de doses de insulina, das quais 8 milhões ainda não foram entregues — nem serão tão cedo, por causa do bombardeio no Leste Europeu.

 

O quadro só não é mais preocupante, porque o ministério firmou contrato com a norueguesa Novo Nordisk, o que garantirá o suprimento do SUS até abril de 2023. Para que o desabastecimento não se torne uma realidade e os diabéticos não fiquem sem atendimento na rede pública, o governo terá de se desdobrar em busca de novos fabricantes.

 

Os brasileiros também terão de lidar com a alta dos preços dos combustíveis. Se a Petrobras realmente acompanhar a disparada das cotações do barril de petróleo no exterior, que flertam com os US$ 120, os combustíveis ficarão entre 20% e 25% mais caros. No Distrito Federal, as projeções apontam para o litro da gasolina próximo de R$ 7,50.

 

Mesmo que o Congresso aprove um dos projetos de lei que reduzem impostos sobre os derivados de petróleo, nada impedirá que os consumidores sintam no bolso o peso dos reajustes. Por enquanto, a petrolífera está atendendo aos apelos do Palácio do Planalto para não mexer nas tabelas de preços nas refinarias. Mas a empresa tem limites.

 

Não é só. As cotações das commodities agrícolas estão no nível mais alto desde 2008. Significa que a comida que chega à mesa dos brasileiros ficará mais cara nos próximos 30 dias. O maior impacto virá do trigo, matéria-prima do pãozinho, de bolos, massas e biscoitos.

 

Ainda que o grão importado pelo Brasil — que produz somente 50% do que consome — não venha da Rússia e da Ucrânia, grandes fornecedoras, com a escassez do produto, os preços disparam. Não há escapatória. Isso vale para a soja, o milho e as carnes. Como dizem os especialistas, é mais inflação na veia, que punirá, sobretudo, os mais pobres, cujos orçamentos são destinados, em maior parte, para os alimentos.

 

Assim como Bolsonaro está em cima do muro diante do embate no Leste Europeu — o mundo civilizado condena veementemente a Rússia pelos bombardeiros —, o governo como um todo dá sinais de incapacidade sobre como reagir aos efeitos da guerra.

 

A percepção é de que os brasileiros terão de lidar sozinhos com suas próprias guerras. O problema é que, sem medidas coordenadas e ações efetivas por parte do poder público, o desastre estará contratado, mesmo que os conflitos armados que aterrorizam o mundo estejam a mais de 10 mil quilômetros de distância. Neste mundo globalizado, tudo é logo ali.

*Correio Braziliense

Segunda-feira, 07 de março 2022 às 21:51

domingo, 28 de novembro de 2021

GRUPO DE WHATSAPP SIMBOLIZA APOIO DE CÚPULA MILITAR A MORO

 


Na semana passada, a filiação do general Carlos Alberto dos Santos Cruz ao Podemos, partido do presidenciável Sérgio Moro, expôs um movimento que pode rachar o apoio ao presidente Jair Bolsonaro nas Forças Armadas. Em círculos fechados, militares reconhecidos na tropa como formuladores, responsáveis por artigos de viés conservador e despontados com Bolsonaro, se entusiasmaram com a união entre Moro e Santos Cruz. Esses oficiais se reúnem num grupo virtual batizado “3V” – acrônimo ao estilo militar para a “terceira via” eleitoral.

 

Os contatos do grupo são discretos. O “3V” reúne oito nomes conhecidos nas Forças Armadas, que trocam impressões por meio de mensagens no WhatsApp. Quase todos são oficiais de alta patente da reserva, mas há entre eles um coronel verde-oliva da ativa. As restrições da pandemia de covid-19 impediram muitos encontros presenciais – somente três ocorreram em apartamentos de generais no Plano Piloto, em Brasília.

 

Os militares acompanham os passos de Moro e acham que ele pode cristalizar apoios e se mostrar viável para derrotar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atualmente líder em pesquisas de intenção de voto. Esse é um traço que une o grupo: o objetivo de encontrar um nome alternativo a Bolsonaro que possa impedir a volta do PT ao poder. Só não querem apoiar a extrema direita. “A terceira via é uma boa solução para o impasse que vivemos. Há um medo grande da volta do PT, da esquerda”, diz o general de Exército da reserva Paulo Chagas, decepcionado com Bolsonaro, a quem apoiou em 2018. “Não passamos de eleitores engajados, nosso papel é difundir nosso pensamento e mostrar que não existe um caminho só, que a gente pode e deve evoluir. Vejo muitos militares que concordam que Bolsonaro foi uma decepção, preferiu reimplantar o presidencialismo de coalizão. A essência política não mudou nada.”

 

Além de Santos Cruz e Paulo Chagas, integram o 3V o general Maynard de Santa Rosa, ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, o general Lauro Luís Pires da Silva, o coronel Walter Felix Cardoso, ambos ex-assessores da SAE. Outro rosto conhecido é o general Marco Aurélio Costa Vieira. Ex-secretário nacional do Esporte, demitido no início do governo Bolsonaro, o general Marco Aurélio é ligado ao ex-comandante-geral do Exército, general Eduardo Villas Bôas – ele dirige o instituto que leva o nome de Villas Bôas. Todos são do Exército. Pela Marinha, participa o capitão de Mar e Guerra dos Fuzileiros Navais Álvaro José Teles Pacheco, conhecido como comandante Pachequinho.

 

*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Domingo, 28 de novembro 2021 às 11:08