Com
a ideia de ajudar no combate à covid-19, quatro estudantes da Universidade de
Brasília (UnB) desenvolveram uma máquina com lâmpadas que emitem radiação UVC,
uma faixa de luz ultravioleta considerada germicida. A radiação consegue
inativar vírus e bactérias a partir de um certo tempo de exposição.
O
equipamento foi desenvolvido por três alunos da ENETEC, empresa júnior de
engenharia elétrica, e um da TECMEC, empresa júnior de engenharia mecânica. As
instituições, sem fins lucrativos, são compostas por estudantes. O dinheiro
arrecadado com as vendas de produtos é reinvestido em pesquisas e treinamentos.
A
equipe que compõe o projeto é formada pelos estudantes de engenharia Elétrica,
Helena Coutinho, 21, Fernanda Madeiro, 20, Lucas Ferreira, 21 e pelo o aluno de
engenharia mecânica Gustavo Faber, 20.
Os três primeiros já trabalhavam na ENETEC e conheciam Gustavo, mas se
aproximaram para desenvolver a máquina.
A
ideia surgiu após as duas empresas (ENETEC e TECMEC) lançarem um desafio
proposto pela Brasil Júnior, a confederação de empresas juniores do Brasil. O
objetivo inicial foi desinfetar máquinas de cartão e semelhantes com o UVC, mas
o projeto não ganhou seguimento.
“Contudo,
um dentista de uma colaboradora da ENETEC (Helena) entrou em contato mostrando
uma solução com UVC por uma outra empresa. Ele achou o serviço caro e perguntou
se a Helena não conseguia fazer algo para ele. Com esse estímulo, a gente
repaginou o produto e adaptou para desinfetar ambientes de modo geral”, explica
Lucas. O dentista Carlos Eduardo de Almeida lançou o desafio para que os
estudantes repaginassem o equipamento.
O
projeto recebeu o nome de UV-Tech, e Lucas conta como é o funcionamento da
máquina. “A proposta é que o equipamento seja colocado no ambiente a ser desinfetado.
Liga-se pelo tempo estabelecido e aí a desinfecção ocorre. O jovem explica que
o tempo de o aparelho ficar ligado vai variar de acordo com o tamanho do local,
“Mas para pequenas salas os cálculos têm mostrado ser algo entre 15 e 20
minutos”, diz.
De
acordo com os desenvolvedores, a lâmpada tem uma vida útil de 9 mil horas,
antes de precisar fazer a troca. “Não seria difícil realizar a troca, mas pelo
atual formato desenhado do produto, eu recomendaria nos chamar para realizar a
troca. As lâmpadas são grandes e precisam de cuidado para o manejo delas”, fala
Lucas.
Para
a máquina ser utilizada, basta estar ligada na tomada, mas é necessário
cuidado. “Como não é recomendada a exposição das pessoas ao UV, utilizamos um
aparelho para fazer a ativação remota, via aplicativo”, salienta Lucas.
A
máquina demorou 20 dias para ficar pronta e a grande vantagem do produto dos
estudantes é o preço. “Já vimos valores entre R$ 15 e 25 mil. Estamos ainda
fechando alguns pontos, mas a ideia neste primeiro momento é oferecer um valor
60% abaixo”, destaca Lucas.
Os
jovens têm planos de expandir o acesso ao produto para atender mais pessoas da
melhor forma possível, sem perder a qualidade do serviço. Eles ainda estão
estão estudando uma forma viável de poder enviar a máquina para outros Estados. “Nosso propósito é se capacitar e entregar
soluções que façam sentido para a sociedade”, destaca Lucas.
É
importante ressaltar que “estamos buscando aprimorar este produto ainda mais
para garantir o conforto e segurança das pessoas, é algo que estamos nos
preocupando muito. E estamos super abertos às parcerias que possam auxiliar a
gente nesse processo.
“Foi
uma experiência nova e totalmente diferente do que a TECMEC já fez e dos
projetos que eu já executei. Trabalhar com energia elétrica foi novidade, mas o
mais interessante foi o processo de desenvolvimento em conjunto com outra
empresa, a ENETEC. Com certeza agregou muito para todos os envolvidos e um
equipamento com potencial para ser explorado e otimizado, além das empresas
poderem expandir com a criação de novos produtos”, relata Gustavo.
*Correio
Brasiliense
Segunda-feira,
6 de julho, 2020 ás 16:00