Embora
sejam numerosos, fortes e ameaçadores, os inimigos da Lava Jato não são
invencíveis. Pelo contrário, bastou um juiz de verdade assumir a presidência do
Supremo Tribunal Federal para logo desfazer a principal arma dos “garantistas”,
que se dizem cultores da aplicação da lei, mas na realidade trabalham as
brechas da legislação para garantir a impunidade de governantes, parlamentares,
autoridades e empresários envolvidos em sonegação, improbidade, peculato,
corrupção, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
Como
são crimes que não ameaçam a ordem pública nem a segurança dos cidadãos, os
autores têm a garantia da impunidade até trânsito em julgado na quarta
instância (Supremo), circunstância que assegura a prescrição dos crimes por
decurso de prazo.
Esta
é situação real da Justiça, que é inteiramente conhecida no exterior e
contribui para emporcalhar a imagem do Brasil, único país da ONU a ter tamanha
leniência em relação à criminalidade das elites.
Luiz
Fux está determinado a mudar essa situação. Menos de um mês após assumir a
presidência do Supremo, ardilosamente usou a sessão administrativa para
conseguir dar um freio nessa garantia de impunidade.
Com
uma manobra foi de uma habilidade surpreendente, deu um xeque-mate nos ministros
ligados à corrupção, que nem esboçaram reação e aprovaram por unanimidade a
determinação de que as ações criminais voltem a ser julgadas pelo plenário do
tribunal, acabando com a ditadura da Segunda Turma, que vinha impondo
sucessivas derrotas à Lava Jato.
O
único ministro que se mostrou contrariado foi Gilmar Mendes, que reclamou de a
decisão ser tomada em sessão administrativa, mas votou a favor. Furioso com a
mudança, o “garantista” Marco Aurélio Mello também votou a favor, mas três dias
depois deu o troco, ao libertar um dos mais temíveis criminosos do país, André
do Rap, um dos chefões da fação PCC.
Pegou
muito mal para Marco Aurélio, porque o presidente do Supremo logo revogou sua
decisão, mas o criminoso já estava foragido. Neste faroeste caboclo, ficou
claro que Fux faz o papel de amigo do mocinho e Marco Aurélio representa o
protetor da bandidagem.
É
nesta conjuntura que a Dra. Rosângela, mulher de Sérgio Moro, tenta convencê-lo
a ir morar nos Estados Unidos, onde será recebido com todas as honras.
É
um momento de decisão, e a bancada da corrupção tenta incentivar Moro a deixar
o país. Seu desencanto é natural. A campanha movida contra ele na mídia e nas
redes sociais é implacável, embora não haja a menor prova de parcialidade e de
conluio com o Ministério Público, nem mesmo nas centenas de horas de gravações
ilegais publicadas pelo The Intercept.
Como
juiz, Moro jamais direcionou a Lava Jato. Apenas examinava as denúncias a ele
encaminhadas pela força-tarefa, aceitava ou não. E o fato de a Lava Jato
priorizar o PT e o Centrão foi causado pelos rumos das delações dos doleiros,
com Alberto Yussef à frente, e depois pelos próprios empresários envolvidos.
Por isso, PMDB e PSDB só entraram depois, no decorrer das delações.
A
Lava Jato não morreu, está prosseguindo do jeito que permitem. Portanto, é
preciso fazer um apelo a Sérgio Moro, para que ele prossiga sua carreira aqui
no Brasil, que tem uma Justiça ainda tão capenga. Fica, juiz, e deixe a vida te
levar.
*Tribuna
da Internet
Segunda-feira,
12 de outubro, 2020 ás 9:30